É difícil estabelecer com exatidão o sentido originário da festa da Páscoa (Pesah). Entretanto, para uma grande parte dos estudiosos, Ela tem origem numa tradição pastoril muito antiga. Entre outras explicações, uma delas é que a festa surgiu entre os pastores nômades semitas: “havia uma época em que as cabras e ovelhas paravam de procriar. Para eles era porque um espírito mau, um demônio andava em volta do acampamento, assustando os animais, o que impedia as fêmeas de terem suas crias”. Era necessário realizar um rito afim espantar esse “demônio”: eles matavam um animal e, com o sangue, aspergiam os pastos para que as ovelhas voltassem novamente a procriar. Uma outra explicação entre os pastores semi nômades, é a de que havia em seus acampamentos um espírito (demônio) que os protegia,porém, era muito afeiçoado ao local. E quando havia necessidade de mudança para outros locais, em busca de novas pastagens, este espírito procura impedir, realizando muitos malefícios entre os animais e as famílias. Era necessário aspergir o acampamento e as estacas das tendas com o sangue de um dos animais, prendendo ali o espírito para sempre. Assim os pastores poderiam seguir viagem com tranqüilidade.
Este processo migratório se dava provavelmente no início da primavera (Março/Abril), quando terminava o período das chuvas. E era também a época em que os agricultores iniciavam a colheita; assim os pastores podiam contar com as sobras da palha para alimentar de forma adequada os rebanhos.
Por esta ocasião celebrava-se o Rito Pascal. Matava-se um cordeiro e a carne era consumida na mesma noite. Não podia ser qualquer animal, tinha que ser um macho, sem defeito e de um ano de idade.
A Festa da Páscoa evoluiu mais tarde em Israel. Com os acontecimentos do Êxodo, Ela foi provavelmente reelaborada e adquiriu um novo significado histórico e religioso. Conforme Êxodo, capítulo 12, a Páscoa foi instituída como Festa de Libertação, por ocasião da saída do povo judeu da escravidão do Egito. Ela é vista como o momento da passagem do anjo de Deus, poupando as casas dos Israelitas marcadas com o sangue do cordeiro nos umbrais das portas. Este rito de celebração deveria ser feito “às pressas”, da seguinte forma: cada família deveria matar um cordeiro do rebanho e consumir a carne assada, com pão sem fermento e ervas amargas, preparando-se assim para a viagem da “liberdade”. Este momento tornou-se tradição sagrada para Israel. Seria celebrado por toda a posteridade, como marca fundamental de sua história libertária. – “...Eu vi a opressão e o clamor do meu povo no Egito....conheço seu sofrimento, e desci para libertá-lo...” (Êx.3,7-8).
Os cristãos celebram a Páscoa como continuidade dessa história de libertação, porém, com um sentido novo. Jesus Cristo, ao vir ao mundo, assumiu as causas de toda a humanidade. Ele celebrou a Páscoa com seus discípulos (Mt. 26,17-29; Mc. 14,12-25; Lc.22,7-20). Ele transforma este rito; não mais celebra com sangue, carne de cordeiro ou ervas amargas. Ele mesmo se coloca como o “Cordeiro Pascal” e derrama seu sangue pela libertação de toda a humanidade. Mandado pelo Pai, Jesus foi designado para celebrar a Páscoa Definitiva; entregou sua vida para que todos tivessem vida em liberdade. Ninguém deve ser escravizado, em Jesus somos livres. Sua morte e Ressurreição são o sublime ato de amor de Deus por todos os filhos e filhas. Ao ressuscitar triunfante Jesus venceu para sempre todo o tipo de morte que escraviza e destrói vidas.
Nós cristãos somos assim, celebramos a Páscoa cremos ser a vida o maior dom, o sublime presente concedido por Deus a todas as criaturas.
Celebre a Páscoa, faça dela uma Festa. Porém, festa da vida. Preserve a sua e a vida de todos. Cuide delas com carinho. Toda a criação precisa de respeito. Só assim sua Páscoa será cristã.
Feliz Páscoa!
Pe. Brasílio
Paróquia São João Batista
Assessor de Bíblia
Pe. Brasílio
Paróquia São João Batista
Assessor de Bíblia
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