quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Bíblia na mão, no coração e vida da gente

                                        “ que fizestes com a minha Palavra?” (Bernanos).

Muito nos ajudou o acontecimento da 5ª.Conferência em Aparecida, a grande reunião dos Bispos da América Latina,  o Ano Paulino, conhecendo o discípulo, o apóstolo e missionário, o Ano Catequético, indicando o caminho do discipulado, e  América Latina, o Brasil a Diocese de Registro na missão Continental. – Mas nada disso irá caminhar sem o conhecimento da Palavra de Deus.
Chegou a “hora da Bíblia”, com esperança de promover a primavera da Igreja. O que precisamos é de atração, fascinação e gosto pela Palavra de Deus. As duas  asas que movem a conscientização, a mobilização e vivência da palavra de Deus são: a Espiritualidade Bíblica(revigora a pastoral e reforça o profetismo, o discipulado, a missão, o serviço da vida) e a animação bíblica de toda a pastoral( faz participar da liturgia da comunidade, suscita a fome de ouvir a palavra de Deus, ilumina cada acontecimento-fato que envolve a vida, anima cada iniciativa  da vida da comunidade, nos dá coragem nas pastorais sociais). Precisamos de um mutirão bíblico, para ter o livro da Palavra, para ler, estudar, rezar, refletir, viver e celebrar a Palavra.
É urgente a necessidade de conhecer a palavra de Deus e alargar o encontro com a Sagrada  Escritura, assim a palavra de Deus será  conhecida, servida, amada. aprofundada e vivida na comunidade.. É preciso reconhecer que o maior dever da Igreja é passar a Palavra  a todos. No livro do Apocalipse 10,9, mostra  como a Bíblia é o livro da vida “Toma-o e come-o”.
A leitura orante da Bíblia é a porta do santuário bíblico. Ela desperta o gosto e amor pela Palavra, abre a mente para o estudo bíblico e facilita  a vivência cotidiana da Palavra. Ela deve ser ensinada  nas casas nos pequenos grupos, retiros e reuniões, encontros de pastorais, comunidades e celebrações. Ela (leitura)  deve ser diária, rezar com a Bíblia na mão, estudar  as Escrituras, formar grupos bíblicos, ter ministros da celebração da Palavra bem preparados, e transformar o “catolicismo devocional e sacramentalizador” em “catolicismo bíblico”.
A  Palavra é pão: toma-o e come-o”Ap10,9; a palavra é  ouro, prata, tesouro, lâmpada(Sl 118); a palavra é como chuva(Is 55,1l); a palavra é como espada(hb4,12), como leite (1 Cor 3,2)como carta (II Cor 3,3), como semente(mc.4,14).
“Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos” Jo 6,68.
                                                                             
                                                                      D. José Luiz Bertanha
                                                                                            bispo diocesano de Registro


quarta-feira, 13 de abril de 2011

A festa de Pesah


               É difícil estabelecer com exatidão o sentido originário da festa da Páscoa (Pesah). Entretanto, para uma grande parte dos estudiosos, Ela tem origem numa tradição pastoril muito antiga. Entre outras explicações, uma delas é que a festa surgiu entre os pastores nômades semitas: “havia uma época em que as cabras e ovelhas paravam de procriar. Para eles era porque um espírito mau, um demônio andava em volta do acampamento, assustando os animais, o que impedia as fêmeas de terem suas crias”. Era necessário realizar um rito afim espantar esse “demônio”: eles matavam um animal e, com o sangue, aspergiam os pastos para que as ovelhas voltassem novamente a procriar. Uma outra explicação entre os pastores semi nômades, é a de que havia em seus acampamentos um espírito (demônio) que os protegia,porém, era muito afeiçoado ao local. E quando havia necessidade de mudança para outros locais, em busca de novas pastagens, este espírito procura impedir, realizando muitos malefícios entre os animais e as famílias. Era necessário aspergir o acampamento e as estacas das tendas com o sangue de um dos animais, prendendo ali o espírito para sempre. Assim os pastores poderiam seguir viagem com tranqüilidade.
Este processo migratório se dava provavelmente no início da primavera (Março/Abril), quando terminava o período das chuvas. E era também a época em que os agricultores iniciavam a colheita; assim os pastores  podiam contar com as sobras da palha para alimentar de forma adequada os rebanhos.
              Por esta ocasião celebrava-se o Rito Pascal. Matava-se um cordeiro e a carne era consumida na mesma noite. Não podia ser qualquer animal, tinha que ser um macho, sem defeito e de um ano de idade.
A Festa da Páscoa evoluiu mais tarde em Israel. Com os acontecimentos do Êxodo, Ela foi provavelmente reelaborada e adquiriu um novo significado histórico e religioso. Conforme Êxodo, capítulo 12, a Páscoa foi instituída como Festa de Libertação, por ocasião da saída do povo judeu da escravidão do Egito. Ela é vista como o momento da passagem do anjo de Deus, poupando as casas dos Israelitas marcadas com o sangue do cordeiro nos umbrais das portas. Este rito de celebração deveria ser feito “às pressas”, da seguinte forma: cada família deveria matar um cordeiro do rebanho e consumir a carne assada, com pão sem fermento e ervas amargas, preparando-se assim para a viagem da “liberdade”. Este momento tornou-se tradição sagrada para Israel. Seria celebrado por toda a posteridade, como marca fundamental de sua história libertária. – “...Eu vi a opressão e o clamor do meu povo no Egito....conheço seu sofrimento, e desci para libertá-lo...” (Êx.3,7-8).
              Os cristãos celebram a Páscoa como continuidade dessa história de libertação, porém, com um sentido novo. Jesus Cristo, ao vir ao mundo, assumiu as causas de toda a humanidade. Ele celebrou a Páscoa  com seus discípulos (Mt. 26,17-29; Mc. 14,12-25; Lc.22,7-20). Ele transforma este rito; não mais celebra com sangue, carne de cordeiro ou ervas amargas. Ele mesmo se coloca como o “Cordeiro Pascal” e derrama seu sangue pela libertação de toda a humanidade. Mandado pelo Pai, Jesus foi designado para celebrar a Páscoa Definitiva; entregou sua vida para que todos tivessem vida em liberdade. Ninguém deve ser escravizado, em Jesus somos livres. Sua morte e Ressurreição são o sublime ato de amor de Deus por todos os filhos e filhas. Ao ressuscitar triunfante Jesus venceu para sempre todo o tipo de morte que escraviza e destrói vidas.
             Nós cristãos somos assim, celebramos a Páscoa cremos ser a vida o maior dom, o sublime presente concedido por Deus a todas as criaturas.
            Celebre a Páscoa, faça dela uma Festa. Porém, festa da vida. Preserve a sua e a vida de todos. Cuide delas com carinho. Toda a criação precisa de respeito. Só assim sua Páscoa será cristã.
Feliz Páscoa!
                                                                                                                          Pe. Brasílio
                                                                                                                         Paróquia São João Batista
                                                                                                                           Assessor de Bíblia